A praça virou sala de aula

Hoje, segunda-feira, 16 de maio, a greve nas ETECs Conselheiro Antônio Prado e Bento Quirino seguiu o curso iniciado na semana passada. As duas escolas permaneceram sem aulas, imperando a deliberação da nossa categoria: greve! Infelizmente, alguns colegas professores insistiram em seguir furando-a. Os motivos são vários e sempre pessoais (alguns compreensíveis). Mas todos nós corremos o risco de perdas. Porém, ainda acredito que outros virão para o nosso lado (como aconteceu hoje), quando compreenderem que este é um movimento diferente dos anos anteriores, que está ganhando força a cada dia e que dependerá da unidade entre nós para ser vitorioso.

Independente das divisões, a greve se manteve na ETECAP e no Bentão. E os estudantes, melhores organizados que nós professores, saíram às ruas. Ocuparam a avenida Orozimbo Maia e marcharam em direção ao centro da cidade. No meio do caminho se uniram com os estudantes da ETECAP, que desta vez resolveram vir de ônibus. Continuaram marchando até o Largo do Rosário, praça de antigas lutas e manifestações, carregada da história dos negros, no seio do centro campineiro (nela ficava uma Igreja frequentada pelos negros aforriados; suspeita-se que serviu de local para organização de insurretos negros; mas foi derruba após construirem a nova Catedral; porém, essa é uma história para outro post). Já na praça, os 400 estudantes, junto com seus professores e funcionários tecnico-administrativos, abriram um grande círculo humano.

Na praça das antigas lutas fizemos nossa aula pública e aberta para a população. Fomos observados por centenas de pessoas que ali passavam correndo, e inúmeras vezes fomos saudados com seus olhares ou com uma palavra amistosa. Compreendiam aquelas pessoas, que ali estavam jovens e trabalhadores querendo mostrar que nosso movimento tem um objetivo central: lutar por uma melhora na qualidade da educação! Por isso, mesmo em greve, apesar de paralisarmos as aulas, continuamos com aquilo que é primordial em nossas instituições de ensino: a reflexão crítica.

Que constraste com a realidade das salas de aula? Fechadas, abafadas, hostis! Contraste maior foi pensar que, enquanto estávamos ali, em meio ao sol da manhã, alguns de nossos colegas insistiam em amedrontar seus alunos dando-lhes uma prova ou faltas. Pior eram aqueles que seguiam sozinhos para suas salas de aulas vazias. Onde se aprendeu mais nesta manhã? Nas salas de aulas dos que insistem em romper a greve? Ou naquela manifestação política e pedagógica?

Terminamos este singelo ato com uma aula pública sobre a precarização do trabalho. Precarização do trabalho dos professores e tecnico-administrativos. Precarização das futuras profissões daqueles alunos ali sentados. Precarização de nosso futuro! Por isso que nossa luta não tem sua razão apenas no imediato (no aumento salarial), mas em algo mais estratégico: o futuro! Sigamos em frente, companheiros!

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O que saiu na mídia sobre o ato no Largo do Rosário:

1 comentários:

BLOG DO CACH disse...
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