Este post é apenas uma resposta que ao texto de Ana Maria Modesto, publicado em seu Blog Mente Social, ao qual termina com a seguinte pergunta:
O que você sugeriria para melhoria do ensino de sociologia?
Segue minha resposta:
Em minha opinião, tomando a questão colocada por você, não se trata apenas de uma questão de formação/qualificação dos professores, e também não se resume a uma melhora na infraestrutura das escolas e/ou nas carreiras dos professores (condição fundamental e a priori para uma melhora substancial da educação pública brasileira). Trata-se também, e fundamentalmente, de assumir uma postura crítica, emancipatória, frente a realidade social, ou seja, enquanto educador, assumir a posição de lutar pela revolução social. Com isso não quero reforçar uma visão sindicalista (muito presente na esquerda brasileira, infelizmente) de que só a luta vale, em detrimento da sala de aula ou do conhecimento. Pelo contrário, quero reforçar o caráter político do educador, portanto, o caráter ideológico de sua função. Enquanto tal caberá a ele tomar uma decisão: ou reproduzirá as falsas realidades propagadas pela ideologia dominante, que mascara a realidade objetiva com suas teorias apologéticas e contemplativas, ou assumirá o papel de desmitificar a realidade, desvendando suas formas fetichizadas. Para esta segunda postura, a única teoria que foi capaz de compreender os mecanismos da realidade e nos apresentar um método (dialético) de compreensão e praxis (superação) foi o marxismo. O professor revolucionário, marxista, rejeita qualquer forma dogmática, típicas de manuais, justamente porque a realidade não é assim; ele, em suas aulas, se preocupa em adotar um método que permita a que os seus próprios alunos desvendem, com suas próprias capacidades cognitivas, a realidade em que vive. Desta forma os alunos se auto-conhecem e conhecem o mundo, ou seja, tomam consciência (pois compreendem os mecanismos de funcionamento da realidade objetiva) e podem optar pela luta contra a opressão e exploração que são submetidos. O desinteresse generalizado dos alunos é apenas a manifestação no plano individual do fracasso da escola burguesa (e, particularmente, da escola pública brasileira), com seus métodos repressivos, de um conhecimento compartimentado e contemplativo; de uma escola desconectada da vida (o que torna todo o conhecimento adquirido uma abstração sem sentido para os alunos; e o que nos faz entender porque impera entre eles uma visão instrumental deste conhecimento: “se não serve para isso ou aquilo então o conhecimento ou a disciplina não é válido”). Portanto, assumir a postura ao qual eu estou defendendo aqui é assumir uma postura de luta visceral contra o modo em que está organizada a escola e a educação, já que esta é funcional à sociedade capitalista.
2 comentários:
Não sou marxista, mas creio que devemos resignificar a didática em sociologia. O Cotidiano deve ser interpretado com a teoria, mas não por divagação e sim por trazê-la a realidade. Creio que o papel do professor é esse, não que seja fácil fazer isso, temos que achar um meio. Creio Ricardo que o ensino no Brasil precisa de uma revisão de suas matrizes e políticas didáticas urgentes. Senão perderemos campo de trabalho e pessoas com quem compartilhar o que aprendemos.
Eu sugiro a significação dos conteúdos a partir do resgate de suas perguntas de origem. Essa metodologia permite que situações problema ou a contextualização sejam melhor feitas, pois na medida em que o professor sabe o por quê tal conhecimento/teoria surgiu, ele tem mais facilidade de atualizar, contextualizar o problema da época para a atualidade. Essa forma permite mais sentido e interesse dois alunos pelo conhecimento.
Um livro que trata dessa metodologia é "Significar A Educacao: Da Teoria A Sala De Aula" de Adelar Hengemuhle
Existem trechos disponíveis em: https://books.google.com.br/books?id=HJrg5cDnU8sC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false
Postar um comentário