Interessante a movimentação pelo contra-ato em comemoração ao golpe de 64. Silvio Tendler é um velho cineasta, autor de "Jango" e muitos outros filmes deste gênero, que, como muitos outros de sua geração, tiveram ilusões nos governos que antecederam ao golpe. Sua indignação ao golpe deve-se ao ataque do que ele chamou de democracia pré-64, entretanto, os fatos precisam ser analisados mais de fundo, pois o que tivemos foram governos burgueses que tentavam tirar proveito de sua relação com as massas para manobrar nas suas fricções com as frações burguesas. Não se tratava de uma democracia plena, mas sim de um governo de contenção das massas que não poderia solucionar as contradições fundamentais da sociedade brasileira. O acirramento da luta de classes nos anos 1960 colocou em questão a luta pelo poder e uma resolução revolucionária. As massas camponesas, operárias e estudantis manifestavam suas demandas, em muitos casos de forma radicalizada. Entretanto, também em suas fileiras haviam aqueles que se alinhavam com as frações "progressistas" da burguesia, como era o caso do PCB, principal partido que dirigia os sindicatos operários e ainda com forte influencia nas Ligas Camponesas, mesmo com a dissidência de Francisco Julião. O resultado de toda complexa situação política foi o Golpe de 1964. Portanto, devemos marchar por outros motivos nestes próximos dias: não pela nostálgica "democracia" pré-64; mas pela força da classe operária brasileira, que assim que se levantou e mostrou a sua potencialidade, se necessitou de um golpe de estado para impedir seu desenvolvimento. Marchamos para relembrar aqueles que lutaram no passado e morreram nas mãos dos genocidas do regime militar. Marchamos para tirar a impunidade dos agentes da repressão. E, acima de tudo, marchamos para lembrar do futuro que ainda nos aguarda, e das lições passadas que devem nos iluminar...
Johannes Vermeer [cartas]
Há uma semana
2 comentários:
Passando para conhecer o blog, muito bom!
Parabéns pelo espaço!!!
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